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Sandra Campos
    Sandra Campos nasceu em Feira de Santana-BA e formou-se em Pedagogia pela UEFS. Na universidade começou a escrever crônicas que eram lidas em algumas aulas. Voltou a escrever em 2013, por prazer pessoal. Em 2014 passou a publicar seus textos no jornal A Tribuna, de Rondonópolis-MT, cidade onde mora atualmente e desde 2015 é colunista do Viva Feira. A primeira crônica publicada em agosto de 2014, “O homem avulso”, já revelava as linhas de força de seu estilo: a escrita leve e espontânea, o lirismo e a intertextualidade, o olhar sutil e ao mesmo tempo agudo dos lances da vida. A crônica “Leve sua filha à feira”, escrita em janeiro de 2014, retrata a feira livre da Estação Nova, que ela costumava frequentar aos domingos com duas amigas de infância. Essa crônica leva o leitor a pensar na beleza e nas lições que não raro se ocultam sob a pseudobanalidade do cotidiano. A crônica que a autora considera a mais carregada de sentimentos e emoções, e também a mais comentada no site do jornal, é “A carta”, uma homenagem a sua mãe Celina. A cronista lançará em breve seu livro de estreia, “O homem avulso: crônicas e contos”, Editora Penalux. Aguardem.  (Texto: Marcelo Brito da Silva)



CRÔNICAS E OUTROS TEXTOS

Envelhecer com qualidade


Publicado em: 10/10/2016 - 14:10:12


Na metade da vida, muitos redobram o cuidado com a saúde, no desejo de envelhecer como os bons vinhos, com qualidade, mantendo as propriedades sem oxidar nem virar vinagre. De fato, uma vida com qualidade é a chave para uma velhice saudável. Moderação alimentar, física e mental; alimentação saudável, ingestão de água, prática de atividade física, aliados a estímulos cerebrais, cultivo da fé, de amizades e do otimismo, são atitudes que somadas e desenvolvidas só trarão benefícios.

Os anos vividos podem tornar o indivíduo ainda melhor naquilo que já faz bem. Podem levá-lo a um nível de sabedoria e discernimento intelectual e espiritual de exímio pregador, como é o caso de Afro Marcondes. Ou um jogador de futebol que sobressai a alguns de quarenta anos pela disposição e agilidade, como Ciro, ou ainda um construtor competente e reconhecido, como Tito. Com o amadurecimento, a pessoa pode apurar o bom gosto e o charme, a exemplo de mulheres como Obede, Marisa e Cleidinélia ou ainda manter a alegria e a disposição iguais as de Natércia, amigos que me ensinam com seus exemplos de vida e ação.

Aos sessenta deseja-se prolongar a expectativa de vida ativa e livre de incapacidades. Estruturados e adaptados à terceira idade, é hora de curtir os netos. Para uns, a aposentadoria é a chance de novas leituras, viagens com amigos ou em família e a concretização de sonhos que estavam engavetados, ou a possibilidade de continuar trabalhando até enquanto houver vida, como fez o saudoso e querido contador feirense Enock Cruz.

Aos setenta, devido ao avanço da ciência e tecnologia que permite uma velhice mais saudável e lúcida, quando imagino que alguns vão por direito se aposentar para ler na rede da varanda ou embaixo dos coqueiros na Bahia, jogar xadrez na praça com amigos, frequentar mais o clube, exercitar sua fé e solidariedade, assistir à ópera no Theatro São Pedro, dançar nos bailes de domingo à tarde ou fazer música com os amigos, me surpreendo. Aos setenta, perde-se a andadura de corça dos tempos de jovem, os cabelos femininos ficam mais curtos, na altura da face, o tempo de sono é cada vez menor e os idosos passam a conviver com a extinção lenta e piedosa da libido: é o tempo da paz sexual. Mas, contrariando a todos os planos sobre a velhice, alguns como prioridade decidem amar.

 É falando de um amor sênior que desejo encerrar este tema: o amor de Florentino Ariza por Fermina Daza, personagens de Gabriel García Márquez, que teve início na adolescência, mas pelos desvios do destino só se concretizou na terceira idade. Viva o Amor em todas as fases da vida! 



Fonte: Sandra Campos/ A Tribuna MT







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