Na metade da vida, muitos redobram o cuidado com a saúde, no desejo de envelhecer como os bons vinhos, com qualidade, mantendo as propriedades sem oxidar nem virar vinagre. De fato, uma vida com qualidade é a chave para uma velhice saudável. Moderação alimentar, física e mental; alimentação saudável, ingestão de água, prática de atividade física, aliados a estímulos cerebrais, cultivo da fé, de amizades e do otimismo, são atitudes que somadas e desenvolvidas só trarão benefícios.
Os anos vividos podem tornar o indivíduo ainda melhor naquilo que já faz bem. Podem levá-lo a um nível de sabedoria e discernimento intelectual e espiritual de exímio pregador, como é o caso de Afro Marcondes. Ou um jogador de futebol que sobressai a alguns de quarenta anos pela disposição e agilidade, como Ciro, ou ainda um construtor competente e reconhecido, como Tito. Com o amadurecimento, a pessoa pode apurar o bom gosto e o charme, a exemplo de mulheres como Obede, Marisa e Cleidinélia ou ainda manter a alegria e a disposição iguais as de Natércia, amigos que me ensinam com seus exemplos de vida e ação.
Aos sessenta deseja-se prolongar a expectativa de vida ativa e livre de incapacidades. Estruturados e adaptados à terceira idade, é hora de curtir os netos. Para uns, a aposentadoria é a chance de novas leituras, viagens com amigos ou em família e a concretização de sonhos que estavam engavetados, ou a possibilidade de continuar trabalhando até enquanto houver vida, como fez o saudoso e querido contador feirense Enock Cruz.
Aos setenta, devido ao avanço da ciência e tecnologia que permite uma velhice mais saudável e lúcida, quando imagino que alguns vão por direito se aposentar para ler na rede da varanda ou embaixo dos coqueiros na Bahia, jogar xadrez na praça com amigos, frequentar mais o clube, exercitar sua fé e solidariedade, assistir à ópera no Theatro São Pedro, dançar nos bailes de domingo à tarde ou fazer música com os amigos, me surpreendo. Aos setenta, perde-se a andadura de corça dos tempos de jovem, os cabelos femininos ficam mais curtos, na altura da face, o tempo de sono é cada vez menor e os idosos passam a conviver com a extinção lenta e piedosa da libido: é o tempo da paz sexual. Mas, contrariando a todos os planos sobre a velhice, alguns como prioridade decidem amar.
É falando de um amor sênior que desejo encerrar este tema: o amor de Florentino Ariza por Fermina Daza, personagens de Gabriel García Márquez, que teve início na adolescência, mas pelos desvios do destino só se concretizou na terceira idade. Viva o Amor em todas as fases da vida!