Nascido em Feira de Santana, o baterista autodidata Augusto Cesar teve seu primeiro contato com o instrumento aos 20 anos de idade (!). Com hidrocores à mão no lugar de baquetas, o futuro baterista arriscava os primeiros movimentos no ar, mas jamais tinha sentido na pele o sabor de tocar numa bateria de verdade. Mas isso não foi empecilho para que Augusto fosse convidado para sua primeira banda: “Endless Death” (Death Metal). Por incrível que pareça, os músicos da banda ficaram impressionados com o novo baterista, mas sequer desconfiavam que ele jamais havia tocado num instrumento de verdade! Para frustração de todos, após diversos ensaios a banda acabou sem que nenhum show fosse realizado. Após esse primeiro e insólito contato com a música, Augusto apaixonou-se de vez pelo instrumento e então decidiu tornar a bateria o sua ferramenta de trabalho.
Passou a entrar em contato com diversos músicos mais experientes e a buscar a informação e o estudo onde quer que estivessem. Aos 23 anos de idade e mais experiente, foi membro fundador da banda Rising (Heavy/Progressive Metal), que chegou a fazer apenas 1 show, sendo desmontada devido ao velho problema de falta de material humano, tão comum para quem quer fazer música não comercial na Bahia. Mas Augusto, bom brasileiro, jamais desistiu do sonho de se tornar músico profissional e seguiu lutando e estudando, com ou sem banda. A partir de 2000 dedicou-se a realizar shows de diversos estilos (MPB, Pop, forró, etc.) onde era contratado como músico free-lancer, fato que muito contribuiu para sua experiência tanto musical como profissional. Augusto, ou simplesmente “Gutto” (como gosta de ser chamado por seus amigos e parentes), sempre enxergou a música como algo amplo e dinâmico, nunca ficando preso a uma determinada vertente da música, sempre buscando na diversidade e pluralidade dos estilos aprimorar-se cada vez mais. Mas o fato é que o Metal/rock e seus sub-gêneros nunca saíram do coração do músico. Eis que surgia então outra banda no caminho de Gutto: a Zarchangel. A banda tinha um trunfo em mãos, uma vocalista ao invés do tradicional marmanjo soltando o gogó à frente da banda. Dessa vez alguns shows foram realizados, todos importantes na cena local e estadual. Foram quatro apresentações, sendo que em duas delas a banda já estreou no papel de headliner e em duas outras abriu para grupos de expressão nacional, O Tuatha de Danann e o Eterna. Mas, o que antes parecia ser uma vantagem tornou-se uma dificuldade, já que ficava cada vez mais difícil para a vocalista se sustentar na banda. Dificuldades de relacionamento entre os demais participantes deram o golpe de misericórdia e mais uma vez Gutto encontrava-se desprovido de banda. O estudo e os cachês não pararam, fato que a cada ano tornavam Guto um baterista diferenciado, já que mesclava a agressividade advinda do rock com elementos de ainda mais estilos musicais.
Versatilidade: eis uma palavra que soa muito bem aos ouvidos desse instrumentista. Eis que em 2006 surge o grupo no qual Augusto se encontra até hoje, o Minothaurus. Após um show de estréia relativamente bem sucedido no Amélio Amorim (teatro de grande expressividade cultural na cidade de Feira de Santana), o grupo seguiu adiante com seus trabalhos. O esforço redundou no lançamento do CD “Dead Awake”, tido por muitos como um dos melhores trabalhos independentes já gravados em todos os tempos no seguimento Heavy/Thrash Metal na Bahia. Em paralelo ao trabalho com o Minothaurus, Augusto criou o grupo UB 313 Project, que alia ambiências espaciais e viajadas com bastante peso e muito feeling, além, é claro, de técnica apurada. Bom, esses foram alguns dos pontos marcantes na trajetória de Augusto Cesar, o “Gutto Drummer”. INFLUÊNCIAS COMENTADAS segundo Augusto: Virgil Donati (“Ele consegue aliar técnica absurda à sua expressiva musicalidade, além de ser um verdadeiro mestre nos compassos compostos. Simplesmente unânime no pedal duplo”). - Dave Weckl (“Grande figura do jazz/fusion, também detentor de grande musicalidade, sabe exatamente que nota colocar em que momento. Isso sem comentar o som extraído da caixa de sua bateria – único!”). – Sean Reinert (“Ex-batrista do Death, consagrou-se no disco “Human”. Sabe aliar peso e técnica dentro do contexto extremo sem cair nos clichês do estilo. Suas intervenções foram inovadoras para a evolução da música extrema). – Gavin Harrison (“Um dos maiores nomes da atualidade no rock progressivo, esse baterista vem se destacando pela sua enorme versatilidade dentro dos ritmos por ele criados. Expert em métricas, modulações e polirritmia. Isso tudo sem abrir mão da musicalidade, traço que considero indispensável num bom baterista”).
(VIVA FEIRA 2010)