Como sempre fazia aos sábados pela manhã, Perebinha foi para o programa na Rádio Quionda, sempre acompanhado por familiares e amigos.
O LOCUTOR:
- Bom dia ouvintes do programa! Está aqui de volta o convidado especial, Perebinha. Toda semana trazemos ele para contar as suas histórias, mas tem dia que ele me deixa nervoso, com tanta maluquice, mas vamos ver o que vai ser hoje. Parece que na escola ele faz poemas e os colegas chama ele de poeta Pereba. É verdade? Bom dia Perebinha!
PEREBINHA
- Olá seu Heitor e todos os escutistas da rádio! Perebinha é meu nome mesmo, mas quando faço poesia na escola, me chamam PP – Poeta Pereba.
O LOCUTOR:
- Não são escutistas, e sim ouvintes da rádio. Estou sabendo do seu gosto de escrever poesias mesmo, desde o ano passado. É verdade? Uma das coisas mais bonitas do ser humano é a capacidade de fazer poemas e publicar em livros.
PEREBINHA
- Sim. Eu gosto. Depois daquele dia que eu vim aqui na rádio, a professora me chamou e deu umas dicas. Na minha família tem de tudo. Um primo leiteiro, um tio barbeiro e meu pai é marceneiro. De vez em quando eu estou escrevendo poesias, por isso eu acho que vou ser poeteiro quando eu crescer.
O LOCUTOR:
- Que poeteiro rapaz? Tá louco? Quem escreve poesias é poeta. Deixe pra lá. Alguns poetas maravilhosos são Casimiro de Abreu, Castro Alves, Gonçalves Dias, Augusto dos Anjos e outros. Fale então alguma coisa nova e poética.
PEREBINHA
- Poeta devia ser mulher e homem poeto. Ou então poezeiro. No aniversário da bonita colega Raimunda eu escrevi uma poesia: “Raimundinha, Raimunda, gosto quando você vem, mas gosto mais quando você vai para ver melhor a sua ....
O LOCUTOR:
- Êpa! Não vai rimar uma coisa dessa, seu doido. Vai querer ser poeta desse jeito? Já estou começando a ficar nervoso com as suas maluquices. Vai devagar!!
PEREBINHA
- Calma locuta! Eu ia dizer mochila, que ela usa na “carcunda”. Era a mochila rosa com um coração e a letra P no meio de Perebinha. Amo ela.
O LOCUTOR:
- Mas nessa você não rimou. Graças a Deus! Mas a poesia tem de rimar. O “P” deve ser a marca da fábrica, e deve ser Profissionale. Não deve ser “P” de Perebinha. As poesias antigas tinham rima, mas depois do modernismo de 1922, cada poeta escreve do jeito que quer, sem rima, mas o povo gosta da rima. Outra coisa: Não se fala amo ela, fala eu a amo.
PEREBINHA
- Oxe, você também ama ela? Que merda é essa? O “P” eu estava pensando que era do meu nome. Não pude rimar direito, porque eu tenho medo do irmão dela, que tem 15 anos e se chama Dudu. Ele gosta de bater na gente que menor e tomar a nossa merenda. Na sexta feira ele me empurrou, deu um tapa, tomou minha merenda e comeu. Então eu fiz uma poesia para ele e preguei no mural da escola: “Dudu, Dudu, irmão da bonita Raimunda, se você bater em mim de novo eu vou comer a sua ....
O LOCUTOR:
- Êpa! Pode parar. Você vai rimar uma coisa horrível. A poesia tem de ter rima boa, seu tonto. Fale de amor, de natureza ... coisas assim.
PEREBINHA
- Eu ia dizer “sua merenda na segunda”. Eu prefiro não fazer algumas rimas para certas pessoas, com medo de apanhar. Um dia a gente foi levado pela escola num ônibus à praia, e a professora pediu para eu fazer uma poesia olhando o mar, para todos os coleguinhas que estavam ali e foram tomar banho comigo. Estavam todos ali parados esperando. Então eu fiz essa muito profunda: “Estamos aqui na praia, eu sei nadar e não minto, levantei a perna da calça para não molhar o meu ...
O LOCUTOR:
- Êpa rapaz, o que é isso? Você não rima nada que preste. Essa rima é feia e também não pode!
PEREBINHA
- Não rimou porque a maré estava baixa. Eu ia falar era “para não molhar minha nota de cinco”, que estava no meu bolso da bermuda. Não entendeu? Você não espera.
O LOCUTOR:
- Ah Sim. Entendi. Não sou jegue. Então faça pelo menos uma rima correta. O povo está ligando muito para a rádio e a audiência está boa. Muita gente dando risada das suas maluquices e eu preocupado.
PEREBINHA
- Então lá vai. – “Vi uma égua pastando, pensei em fazer uma rima, quando fui me preparando, um jegue pulou em cima”.
O LOCUTOR:
- Que zorra de rima é essa? Até que rimou, mas foi uma loucura! Vou terminar o programa!!
PEREBINHA
- Peraêêêê. Lembrei da poesia do programa. “Estava na minha casa em cima da minha cama, quando bateu lá porte uma menina de programa. Levantei e fui armado, aquela era a melhor hora, mas quando cheguei lá na porta, ela já tinha ido embora.
O LOCUTOR:
- Que zorra de rima é essa? Até que rimou, mas foi um susto. Vá tirar caju do pé de manga. Desapega! Por hoje é só. Thau pessoal.
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Texto do livro – Rapsódia de Perebinha na Rádio Quionda - ISBN 978-65-86453-00-3
(Sempre teremos novas peripécias de Perebinha nesta coluna)