Grande amigo da arte desde seus primeiros anos de vida, Luiz Humberto Carvalho nasceu em Feira de Santana, na Bahia em 1950. Por intuição, já desenhava incansavelmente ainda no curso primário, feito na Escola Nossa Srª das Graças no bairro da Kalilândia. À época, a leitura de historias em quadrinho de Walt Disney e da Turma da Luluzinha, entre outras, tornaram-se um hábito inevitável e um instrumento essencial ao aprimoramento do seu gosto pelo traço e pela magia das artes gráficas.
No Colégio Santanópolis, em Feira, onde estudou até o primeiro ano ginasial, um caso pitoresco, mas revelador do seu enorme talento, jamais saiu da sua memória. A professora do então aluno Luiz Humberto – que havia solicitado um exercício para nota que consistia em copiar o mapa da Bahia do Atlas Geográfico, sem decalcar – não aceitou o seu trabalho, alegando que o desempenho estava perfeito demais para ter sido feito sem decalque. Anos mais tarde, a mestra, como tantas outras pessoas, se curvaria ao traço preciso e inovador do jovem artista.
O restante de sua vida escolar terminaria em Salvador, no Colégio 2 de Julho, onde concluiu o colegial para, em seguida, ingressar no curso de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, em 1969. Nos bancos da faculdade, aprofundou-seno estudo de composição artística e da teoria do equilíbrio gráfico, e passou a experimentar a aplicação de obras de arte na arquitetura, incrementando assim a sua relação com a arte, de uma forma mais global.
Já desfrutando de amplo sucesso profissional, mas alimentado pela constante inquietação que a arte é capaz de despertar, Luiz Humberto desenvolveu inúmeros trabalhos como proprietário da Galeria de Arte Múltiplos, em Salvador, que tinha como foco principal esculturas, peças únicas e plurais, e também o desenho em papel e gravuras. Neste período, a proximidade com artistas plásticos aguçou ainda mais a sua “vontade de arte”, e a sua conseqüente contextualização na arquitetura, com o distanciamento estético necessário.
Suas esculturas e desenho são criados a partir de parâmetros atuais, como, por exemplo, materiais normalmente destinados à arquitetura, recursos de computação gráfica, modernos meios mecânicos de execução, plotters, maquinas de cortar à laser, entre outros.
Ao interagir plenamente com outros elementos da prática arquitetônica atual, a criação de esculturas, relevos e desenhos gráficos é essencial ao processo de concepção de vários produtos utilitários imaginados por Luiz Humberto, como, por exemplo, bases para mesa, aparadores, mesas de centro entre outros objetos.
Sua obra é caracterizada, em grande parte, por temas folclóricos, bíblicos, e por formas gráficas originais que, associadas a uma técnica moderna, dão origem a um produto bonito, lógico e atual. Seu estilo único, vanguardista e irreverente já se tornou uma marca própria, facilmente reconhecida em objetos e estruturas de design em Feira de Santana, em Salvador, e em várias cidades brasileiras.
A beleza e o encantamento produzidos pelo talento de Luiz Humberto podem ser conferidos entre outras obras, no monumento á heroína Maria Quitéria, localizado no entroncamento da Av. Getulio Vargas com a Av. Maria Quitéria, em Feira de Santana – um trabalho com parceria com Juraci Dórea, artista e arquiteto conterrâneo – que se transformou em um referencial urbano e artístico para a cidade.
Atualmente, outros monumentos e esculturas de porte urbanas vêm sendo desenvolvidos por Luiz Humberto e deverão, em breve ornamentar de forma singular o município de Feira e localidades.
(Mariana Carvalho)
