Zé Araújo, é compositor, cantor, e sanfoneiro de raro valor, nascido ali em Santa Bárbara, mas radicado em Feira de Santana a maior parte do tempo, onde trava suas pelejas e onde sempre é reconhecido pelo seu brilhantismo e pela sua musicalidade. Começou a tocar com 4 anos de idade, quando um amigo de seu pai, Arlindo Mascarenhas, presenteou com uma sanfoninha "Pé de Bode" de quatro baixos (contam que Arlindo foi receber uma dívida e não tendo todo o valor o devedor ofereceu-o a sanfona como parte do pagamento, se lembrando do filho do amigo aceitou a oferta), ao receber o presente Zé tocou sua primeira música, "Asa Branca" (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira).
Aos oito anos Zé, morando em Feira de Santana, passou a tocar na Rádio Cultura, agora com uma sanfona de oito baixos. Em um período que sua família mudou-se para Salvador, em 1966, morando no Pau de Lima, passou a tocar em festinhas residenciais e em praças e através de um amigo da família foi convidado para tocar da Rádio Sociedade da Bahia, no programa Jota Luna, onde conheceu o Trio Nordestino (composto à época por Lindú, Cobrinha e Coroné). Contam que Zé Araújo, aos 13 anos teve um encontro com o Mestre Lua, na cidade de "Pau Brasil", no Sul da Bahia, e naquela ocasião, o Velho Lua alisou a cabeça daquele menino José, o que parece ter sido uma unção de forró e sanfona no menino, que veio se tornar este sanfoneiro e compositor, consagrado nesta região do sertão e marcante em todos os lugares por onde passa.
Zé Araújo é um defensor intransigente do "forró pé de serra" e da música de raiz, não que ele não toque outras canções, toca de tudo e até brinca, com a "5ª Sinfonia" de Beethoven e com o "Assim falava Zaratrusta" de Ricard Strauss, colando-as com forros maravilhosos, em verdadeiro conserto de acordeão, quando é provocado. Zé Araújo é um compositor de raro valor, já tendo participado de vários festivais (elencados abaixo), e premiado na maioria deles e até chegou ao ponto de ter duas premiações em um mesmo festival, como no Festival Baiano de Forró, em 2003, quando após passar por um filtro de mais de três mil inscrições, arrebatou o 1º e o 4º lugar do Festival, uma das canções em parceria com Guaracy de Freitas, e a outra assinada exclusivamente por Zé.
Quem conhece Zé Araújo de perto sabe que seu sonho é compor e tocar, sempre faz isso com satisfação, e muitas vezes com sacrifício do limite de suas forças, mas é como ele é feliz, com sua sanfona na mão e um forró na mente. Zé já gravou três discos, um vinil denominado "Seca e Sol" (1992), e dois CDs, "Tem dó de mim" e "Te levo nas estrelas", sempre com a maioria das canções assinadas pelo próprio Zé Araújo, compostas com a pureza de um nordestino sertanejo que ama o que faz e, que fará isso por toda vida, sem fazer concessões aos conceitos de música comercial, pois seu trabalho é fruto de um sentimento verdadeiro de quem acredita no que faz.
(Viva Feira - 2010)