Antônio Carlos Gomes Conceição, famoso cantor, compositor e artista multitalentoso mais conhecido como Tonho Matéria, filho e neto dos feirenses Agripino da Conceição, Ludugero da Silva e Maria Lucia da Conceição, está na cidade para receber o Título de Cidadão Feirense. O projeto de lei é de autoria dos vereadores Lu de Ronny (MDB) e José Carneiro (MDB) e será concedido na noite de hoje (quinta-feira, 21 de setembro).
Tonho matéria tem cinco irmãos nascidos na cidade. Logo após morar aqui por muitos anos, sua mãe e seu pai resolveram ir para Salvador, onde ele e outros irmãos nasceram. “Esses dois vereadores conseguiram ouvir a voz do ancestral seu Dão (como seu pai é conhecido), através de Lourdes Santana, que foi quem levou essa ideia para eles. Estou muito feliz”, disse.
Para ele, é de grande importância receber essa honraria porque é uma responsabilidade grande manter a cultura que lhe foi passada pelo seu pai e continuar cultivando a sua ancestralidade. “Além disso, tenho um compromisso cultural com Feira de Santana. Recebi um prêmio em Viena que representa a minha diversidade cultural não apenas na Bahia como no Brasil. Já recebi ainda na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia a Comenda 2 de Julho por ocupar esse espaço e a Medalha Zumbi dos Palmares por atuar em comunidades carentes dentro de Salvador, fazendo uma luta contra o sistema racista, preconceituoso e clamando por liberdade e igualdade nesses lugares”, diz.
Para ele, a cidade é um espaço frequentado por ele. Tonho está sempre aqui discutindo com os secretários municipais e com o prefeito sobre as políticas públicas de ações afirmativas para a comunidade negra. “E agora, sendo outorgado para esse Título de Cidadão Feirense, vai dobrar essa responsabilidade. Vou poder ter mais voz direta com os fazedores de cultura e colocar essa turma para construirmos um ambiente de paz, luz, harmonia e de construção cidadania social e cultural”.
Tonho Matéria tem lembranças da primeira vez que veio como artista para Feira de Santana. Ele disse ter vindo fazer um trabalho que Manolo Pousada tinha conseguido para ele, que era o de participar do show do Chiclete com Banana, banda estourada da época. “Imagine você tocar no intervalo dessas bandas. Eu entrava com percussão e voz no antigo Feira Tênis Clube e Cajueiro. E depois participai já na Micareta com a música “Tchau, galera”. Foi a minha primeira vez. Lembro ainda que no disco que tinha essa música, os radialistas descobriram que eu tinha música “Goró de seu Dão”. As pessoas me perguntavam o porque dela e eu falava que era para o meu pai, que nasceu aqui. Essa música tocou muito aqui e acredito que isso tenha acontecido por conta de ele ser daqui. São recordações fantásticas”, explica.
O artista conheceu muitos dos seus amigos aqui do começo do rádio. “Os dois primeiros que conheci foram Chico Caipira e Framário Mendes. Foram essas duas figuras que me receberam na cidade e que me levaram para os trabalhos em algumas cidades perto. Sempre brinco com Framário que ele não me liga mais para fazer shows e isso marcou. Convidei ele para estar presente em minha mesa porque ele foi uma pessoa muito importante na minha vida. Esses dois foram os primeiros e depois fui conhecendo outras figuras de rádio”.
O cantor lembra ainda de uma banda da cidade que o acompanhou muito, que é a banda Fonte Luminosa com Jorge Café. “Eu fiz uma música com o termo "Fonte Luminosa" pensando neles”. Tonho disse que está compondo e gravando muitas músicas. Tenho um estúdio dentro de casa e quem organiza tudo é meu filho Raysson que tem o projeto “Filhos da Bahia” que é com ele e Migga, João e Zaia filhos de Carlinhos Brown, Saulo Fernandes e Reinaldinho. É ele quem faz os meus arranjos, o primeiro menino negro com um berimbau a ser solista da Orquestra Neojibá”, diz.
Seu filho mais velho é quem organiza a sua parte empresarial. “Estou cercado por eles, por meus meninos”. Ele tem ainda outro projeto chamado “Autorais”, com Jorge Zárath e Tenison Delrey, onde eles cantam suas músicas autorais. “São sucessos que as pessoas lembram de grandes carnavais. Fazemos muitas festas e shows corporativos. Estamos lançando uma música chamada “Sotero” que é provocativa a aquela pessoa que não nasceu na Bahia, mas quer ser baiano e soteropolitano”, finalizou.