Realizada na manhã da terça-feira (16), a Aula Magna da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) cumpriu mais do que o objetivo de marcar, oficialmente, o início do semestre letivo 2023.2. Falas precisas como 'para termos avanços é preciso que o espaço universitário se reconheça como racista, machista e lgbtfóbico', proferidas pela palestrante, professora doutora Letícia Carolina Nascimento, trouxe reflexões sobre a construção de uma educação antirracista.
'O primeiro passo pra gente pensar em educação antirracista é se reconhecendo como racista, e a gente percebe isso pela forma como as universidades se organizam. As políticas de permanência é um dos focos de debate muito grande quando pensamos numa educação antirracista e também precisamos falar sobre a reformulação curricular. Não dá mais para estudar apenas autores europeus, chega dessa colonização curricular! Isso é sobre compreender que autores europeus dizem sobre sua sociedade, não dizem sobre todas as sociedades, não dizem sobre todo mundo', pontuou Letícia Carolina.
Sobre o evento e a escolha do tema a palestrante destacou que 'o processo inclusivo é extremamente difícil. O que estamos promovendo aqui é uma discussão que está acontecendo em tantas universidades e algumas acabam tendo mais coragem de trazer esse debate abertamente, enquanto outras tentam camuflar a situação. Hoje é um dia marcante para mim também, pois não é comum que travestis sejam recebidas em instituições com tanto afeto'.
A Aula Magna ocorreu no Auditório Central da Uefs, que permaneceu lotado durante toda manhã. Dentre os participantes do evento estava a aluna do curso de Enfermagem, Isabele da Glória, que afirmou ter boas expectativas para o novo semestre e reconheceu a pertinência do tema da Aula Magna. 'O Brasil é um país extremamente racista e a universidade pública tem esse papel de contribuir para a desconstrução disso. Essa é uma oportunidade de debater sobre um assunto extremamente importante', disse.
A reitora da Uefs, professora Amali Mussi, aproveitou a programação para ressaltar dados relevantes sobre a instituição, com o intuito de contextualizar o ingresso de novos estudantes na Universidade. 'Ao nos prestigiar neste momento, vocês expressam o reconhecimento da importância que a Uefs tem. Hoje temos mais de 11 mil estudantes ativos, de graduação e pós-graduação, alcançamos com nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão, 150 municípios. Isso mostra que a Uefs, após a pandemia, retomou a sua pujança. É importante que vocês, ingressantes, tenham conhecimento sobre a universidade de excelência que vocês escolheram. Sejam bem-vindos!', desejou a professora Amali Mussi.
Participaram da mesa solene da Aula Magna, a vice-reitora da Uefs, professora Eva Carvalho, o professor José Bites, coordenador executivo de programas e projetos estratégicos da Educação, representando a secretária estadual de Educação, a professora Acácia Batista, representante da Associação dos Docentes da Uefs (Adufs), a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do 3º Grau (Sintest – Uefs), Daiana Alcântara, o acadêmico Eckxs Camões, representante do Diretório Central de Estudantes (DCE-Uefs), e a professora Ivy Guedes, do Coletivo de Docentes Negros, Negras e Negres da Uefs.