A banda Africania subiu ao palco entoando a canção “Exu Bará”, com o Museu de Arte Contemporâneo (MAC) mais repleto de pessoas do que a 1ª edição. Com percussão intensa, o grupo foi ovacionado com palmas pelo público, que estava diversificado. Viam-se crianças, jovens e adultos.
A bacharela em direito, Rhanna Rosa, que foi pela primeira vez ao Música no Museu demonstrou predileção por Africania e falou que “ sabia que Africania estava na programação e costumo acompanhar a movimentação cultural de Feira de Santana. Vim por causa dessa atração. Não conheço o trabalho de Patrícia Polayne, mas me falaram bem dela, assim como a Sal, acho a estética interessante. A ideia da gente ver projetos da cidade contemplados é raro, porque ficam muito concentrados em Salvador. Acho importante as pessoas participarem”.
Nômades por natureza, assim se define Africania. Bel da Bonita, vocal e percussionista do grupo, explicou sobre as origens e influências dos vários ritmos que englobam o grupo. Ele disse que com sua peregrinação por alguns lugares observou jeitos de tocarem, de dançarem, os folguedos. E que a raiz da batida do grupo vem, dentre outras atuações, dos blocos de afoxé de rua, dos terreiros de candomblé, de Dorival Caymmi, de Luiz Caldas e Armandinho. Bel também expressou a importância do projeto para a cidade afirmando que este é uma espécie de redenção para a música autoral no município.
Segunda atração da noite, a Sal apresentou alguns repertórios novos, fazendo o público se aproximar para sentir de perto a afetação, a psicodelia e os signos indizíveis que a banda transmite. Sob a sigla “som, arte, liberdade”, que caminha pela ampliação de sentidos, a música Sal, segundo Kleyde Lessa, vocalista, é envolta num mistério que é próprio do grupo. “É difícil se filiar a determinado artista. Gostamos de vários e procuramos não seguir propriamente nenhum. Buscamos avançar no nosso próprio movimento. Vamos de encontro à natureza dos talentos individuais de cada membro da banda”, explicitou ela, que acrescentou a importância do Música no Museu na sua carreira, já que este abriga produções inéditas, formando plateia e a Sal já participou outras vezes do projeto.
Encerrando a noite, Patrícia Polayne encantou os olhares de quem ficou até o fim dos acontecimentos. Vinda de uma mistura de funk, samba e hip hop (no Rio de Janeiro), atrelando essas vivências com ritmos nordestinos (em Aracaju), ela enfatizou a influência do Cocteau Twins na sua carreira. Endeusou também Elis Regina. A cantora e compositora disse que “Elis mexe sensorialmente comigo, é uma diva da voz”. Com apenas 20 anos, Patrícia conquistou o prêmio “Canta Nordeste”, o mais marcante de sua vida, devido à impulsão musical.
Um show curioso, intimista, detalhista, tanto em seus detalhes de enquadramento visual, como espiritual, como se definiu a cantora. Como momento final, o público assistiu ao momento singular no qual se reuniram no palco com Patrícia Polayne, Kleyde Lessa e Bel da Bonita.
Este projeto tem o apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
Em parceria com a Cúpula do Som, Museu de Arte Contemporânea (MAC), Fundação Municipal Egberto Costa e Secretaria de Cultura de Feira de Santana. |