Feira de Santana, há algum tempo vem acordando para a recuperação de sua memória que em um determinado momento pareceu estar completamente no esquecimento. O CUCA na gestão de Selma Oliveira, com a UEFS sob a batuta de José Carlos e a Fundação Sr. dos Passos têm feito um esforço hercúleo para recuperar o possível desta memória esquecida. Graças aos céus, atualmente, a Secretaria de Cultura (Jailton Batista), tem a sua frente um indivíduo que é culto e que também está voltado para os temas mais importantes da nossa cidade, naturalmente com referendo do atual prefeito (José Ronaldo) que já havia incluído na agenda cultural da cidade o Festival Vozes da Terra, o Teatro vai aos bairros, entre outras iniciativas, além de premiar Feira com o Museu Parque do Saber e o Centro de Cultura Maestro Miro, um espaço de preservação da cultura e realização de oficinas que se soma ao CUCA e o C.C Amélio Amorim.
Sem dúvida Feira desponta, como temos afirmado desde a criação de nosso site, como um dos mais importantes centros de produção cultural do norte e nordeste do Brasil, ou até mais, é hoje um celeiro cultural de características altamente diversificada e com a produção da mais alta qualidade nas mais diversas manifestações artísticas, com destaque para defesa dos estilos que envolvem arte de raiz nordestina e sertaneja (autêntica).
A Secretária de Esporte Cultura e Lazer e a Fundação Egberto Costa, iniciaram este ano mais um evento que merece destaque e que esperamos que permaneça no calendário de eventos de Feira de Santana, que é o "FESTIVAL DE SAMBA DE RODA", ao qual deram o nome de "Samba de Todos", que sem dúvida vem proporcionar o resgate definitivo deste estilo de samba tão característico de nossa região e tão forte em Feira de Santana. É imperativo ressaltar que apesar de todo o descaso que houve em passado recente, por parte da grande mídia e das autoridades responsáveis pelo cultura em nosso País, o samba de roda resistiu em verdadeiros guetos e agora, com apoio de abnegados, sobem a superfície e passam a ser reconhecidos e prestigiados pelo seu valor e qualidade. Ontem (3), a abertura do evento foi realizado no Centro de Cultura Amélio Amorim, das 9H as 12 e das 14h às 17h, e o festival “Samba De Roda, Samba De Todos”, passa a ser uma realidade que, com certeza, será fundamental neste processo de resgate deste estilo de samba que esta na origem mais pura de nossa música popular. O Festival iniciou com palestras e grupos de samba da nossa região, como por exemplo, o grupo de samba Vila de São José. Houve debates entre poetas e cordelista. Este evento pretende valorizar a cultura regional, já que o samba de roda vem tendo muita dificuldade para sobreviver. Também aconteceu uma palestra com Edvaldo Balogi (Coordenador financeiro da ASSEBA) e Monique Badaró (SECULT, Secretaria do Estado da Bahia) com o tema “Economia criativa’”. Essa palestra teve como objetivo auxiliar aos grupos de samba de roda que vêm tendo grande dificuldade de se manter financeiramente. Os grupos regionais, como a Quixabeira da Matinha, tem um simbolismo histórico, mas tem dificuldades econômicas. As viagens de grupos como estes são importantes, mas eles têm dificuldades para financiar essas viagens, daí a orientação sobre incentivos e editais é de fundamental importância para sobrevivência dos grupos.
O samba de roda é um legado do povo negro, que surgiu do lado do canto e da batida de tambores africanos nos terreiros de escravos. A micareta de Feira de Santana foi citada por estar também em grande declínio. A pirataria foi citada para demonstra porque a venda de CDs se tornou obsoleta. Concluindo, Edvaldo Bologi declarou: “Todos vieram aqui porque tem amor e dever com o samba de roda”.
Vanessa Almeida fez uma intervenção para contar sobre sua história no samba de roda graças à influência de sua família em seu gosto por este estilo musical. Citou também a péssima divulgação do evento e até dos próprios grupos musicais. Também comentou sobre a necessidade de um reconhecimento local antes de um reconhecimento de outros países.
Edvaldo Bolagi na sua intervenção, fez questão de destacar o papel da mulher no processo de preservação da cultura de raiz, afirmando que. “Houve projetos regionais para crescimento da cultura regional. E há um papel feminino muito grande”, o que sem dúvida uma verdade insofismável no caso do samba de roda, onde a presença feminina é inestimável.
O Secretário da Cultura Jailton Batista falou brevemente, afirmando que, quando assumiu Secretaria, uma de suas primeiras atitudes foi ir a Matinha para conhecer os grupos de samba de roda. Afirmou ainda com propriedade que “O evento não é só festa, precisamos refletir nas escolas e seminários”, daí naturalmente o propósito de levar a discussão do tema para as escolas neste festival.
A programação do festival terá continuidade a partir do dia 14. Haverá eventos em várias escolas da cidade com o intuito de disseminar a cultura do samba de roda. Confira a programação na Agenda Cultural do Viva Feira, veja as fotos da abertura no álbum postado a seguir: