Os trabalhos mais recentes de Nanja apresentam-se com características de obras completas, próprias do desejado amadurecimento artístico. Do ponto de vista plástica são irretocáveis, como unidade cromáticas, com suas sutis ressonâncias monocromáticas, tons recorrentes que envolvem as figurações centrais e predominantes. Sendo o conjunto indivisível, na sua constituição tonal, é beneficiado pela sutileza das variações figurais, que gravitam em função da grande forma, característica de suas composições atuais. No domínio da técnica de aguadas, a intencionalidade plástica redime o acidental, pela mutação progressiva e constante na criação da estrutura rítmica do conjunto.

As transparências cromáticas, evocações de nuvens e reflexos entrelaçados, envolvem os contrastes de tons baixos, dissolvendo-os com suavidade. A diferenciada sensibilidade criativa propicia a gestação de paisagens inusitadas, misteriosas, espaço poético de universos paralelos, próprios da mente intimista da artista, condizentes a criadores da estirpe de Issac Asimov, Ray Bradbury, Clifford Simak, Kurt Vonnegut e tantos outros grandes artistas da literatura de ficção cientifica, com suas premunições de novos universos e realidades, que a todo momento são confirmados pelo avanço cientifico de nossa época. Com Nanja, são manchas e linhas, tonalidades diversas, elementos figurais que repercutem sua inteligência e vibrações emocionais, o seu universo interior, o mais intimo de sua imaginação criativa, na gestação de unidades celulares compondo o organismo central, de imprevisíveis traduções, velado de mistério, penetrável apenas pela própria imaginação. Nas evocações de identidade imagística, por conta das leituras mais imediatas, surgem catedrais cristalinas, paisagens inusitadas, frutos da intuição e intimidade de seus pensamentos, quando projeta um universo silencioso e nostálgico onde o ser humano pode existir como unidade microscópica. São formas e macro espaços que magnetizam a imaginação, um campo fértil para livres associações, um mergulho em mundos irreais ou novas realidades.

No vale tudo da produção de arte contemporânea tem surgido um desconcertante e incalculável numero de compilação e vulgarização de técnicas compulsórias, não raro conseqüência da pressão dos salões, aumentando o lixo da produção plástica de nossa época. Os momentos de exceção muitas vezes tem sido apenas fruto da necessidade da comunicação plástica, através de recursos modestos, simples e tradicionais. Por isso mesmo é tão importante a existência de artistas como Nanja, que na sua simplicidade, modéstia e intimismo, distanciada das ambições do vedetismo social, das investidas mercantilistas e da pretensiosa e muitas vezes perniciosa influencia de muitos falsos profetas da critica de arte, produz um importante depoimento da sensibilidade artística de enorme valor estético
(Juarez Paraiso – Artista Plástico, Professor Emérito de UFBA e membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte)





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