PAULO
COSTA
Paulo
Costa é principalmente um perfeccionista em tudo
que faz, e escolheu a música como sua principal
forma de expressão. Compositor, cantor e acima
de tudo um músico exemplar preocupado com aquilo
que produz e centrado em suas próprias raízes
sertanejas e nordestinas, sem perder o bonde da história
e as vantagens que a mais moderna tecnologia oferece.
A respeito de Paulo Costa, seu amigo e parceiro Nélio
Rosa que também é poeta, escritor, compositor
e principalmente formador de opinião escreveu para
ilustrar o disco de estreia de Paulinho (Varal): "A
imensa variedade e complexidade do que chamamos MPB mantem-se
e mutiplica-se nos sons produzidos por jovens artistas
que empreendem a luta em todos os campos, desde a criação
propriamente dita à batalha pelo registro e divulgação
da obra - o que por sua vez exige igual empenho e criatividade.
O Brasil que legou Pinxiguinha, Luiz Gonzaga, Geraldo
Pereira, Lamartine, Jobim, Caetano, Chico, Gil, Djavan
e tantos outros não esgotou os seus mananciais
e hoje se projeta na voz de gente como Paulo Costa esse
baiano de Feira de Santana que lança, após
dez anos de caminhada por bares, teatros e palcos de rua,
o seu primeiro CD intitulado Varal... - título
também do belo samba de roda que abre o disco.
"Coincidências existem" diz Paulinho em
seu Baião de Dois, embora saibamos nós,
que conhecemos e admiramos seu trabalho, que ele representa,
junto com outros novos e talentosos artistas (alternativos?),
a resistência daquilo que foi forjado por aqueles
ícones que acabamos de mencionar..." referindo-se
ainda ao primeiro Cd de Paulinho afirma Nelio: "Do
ponto de vista musical o disco traz uma variedade rítmica
com alguma predominância das referencias nordestinas,
como o baião, o xote, o samba de roda (Baião
de Dois, Varal, Arrepios, capoeira do Interior, Amar a
Mais), mas há lugar também para canções
dolentes ( Tempo) ou diálogos com a bossa nova
e o samba carioca (Pra
Quem Ama) e a música pop (Pagando Pra ver), tudo
muito bem arranjado, de modo a desvelar faixa a faixa
a delicadeza e o virtuosismo do intérprete. Nas
letras das canções - todas de sua autoria,
sozinho ou dividindo com os parceiros Jurandir Rabelo,
Lucely Guimarães, Bel da Bonita e Mimi Omino -
percebe-se mais claramente o lado conceitual do disco.
A senha é posta ja na primeira faixa, em que a
metáfora do vento/redemoinho projetando os sonhos
no varal surreal sugere a figura do menino, presente em
quase todas as canções, que busca o futuro
com sede de mundo e, sobretudo que ama, ora simplesmente
caçando o alimento no seio de mãe e evitando
o risco de entrar no mar de cabeça, ora com coragem
de avião e arriscando perder o chão pra
depois recomeçar como lava de vulcão. Por
fim, esse garoto, eu lírico e alter ego do artista,
se encontra fora de curso ou de "tus", que na
verdade é onde deve estar todo poeta que se preze,
pois evidentemente discorda de um mundo em que alguns
tem nome e muitos tem fome. Varal, é o primeiro
registro do trabalho de Paulo Costa, mas seguramente não
se parece com disco de estréia, tal a flagrante
maturidade. Lamento apenas que, pela burrice e insensibilidade
dos que controlam a indústria e o mercado fonográficos,
seja dado a poucos ouvi-los."
Nélio realmente conhece Paulo Costa como pouco
de nos e descrevendo o primeiro trabalho do cantor/compositor
sintetisa a alma do artista como poucos conseguiriam fazê-lo.
Hoje Paulo Costa tem um trabalho ainda mais sedimentado
e maduro do que quando Nélio o descreveu com tantan
propriedade. Seu mais recente trabalho foi um CD gravado
ao vivo e com certeza deve estar nos preparando uma grata
surpresa para qualquer momento.