Na segunda-feira (29/10) o grupo de pesquisa TRACE, vinculado ao Departamento de Educação, apresenta o Cine-debate "Travessias Negras" no auditório 3 do módulo 4, na UEFS. O documentário, dirigido por Antonio Olavo, conta a história de vida de jovens negros e negras, oriundos de escolas públicas que ingressaram nas Universidades Federais através da política de cotas.
Com cinco episódios, o projeto dirigido pelo cineasta Antonio Olavo (Paixão e Guerra no Sertão de Canudos, 1993) apresenta histórias de vida de estudantes negros que entraram na UFBA pela Política de Cotas, adotada pela instituição desde 2005. No filme, os jovens narram suas próprias histórias, estimulados a compartilhar suas experiências de vida.
"O curso diurno segrega, o estudante que trabalha não pode estar lá. A universidade te coloca para fora o tempo todo”. - afirma uma estudante, Daiane Rosário, que teve sua história retratadas. Segundo a estudante, o ambiente universitário pode ser hostil. “São muitas dificuldades lá dentro. Existe um racismo velado, que está presente nos discursos de alguns professores, de colegas, ou na presença ainda tímida de alunos negros”.
Tomada por um misto de ansiedade e felicidade, ao ver sua história retratada pelo projeto, Daiane revela o seu combustível para continuar sua jornada na academia. “Uma travessia negra também representa amor. É o ingrediente que faz com que a gente resista a esse processo que abala emocionalmente. Amor, porque o nosso acesso à universidade pública não vem apenas como um objetivo individual. Eu sei o que representa para minha família eu estar nesse espaço”, ressalta.
Além de Daiane Rosário, na Comunicação, a série traz as histórias de Andre Luís Melo (Medicina), Hilmara Bitencurt (Letras) e Vitor Marques (Direito), que também tiveram o futuro transformado ao ingressarem na UFBA através de critérios sociorraciais.
Afirmação
O diretor Antonio Olavo afirma que o objetivo é aprofundar a discussão sobre as relações raciais no Brasil, através da abordagem sobre a inserção da população negra no ensino superior. “A série é a afirmação da juventude negra na universidade, conquistando o que lhe é de direito”. De acordo com ele, a intenção é fazer valer a voz e a identidade desse público formado por negros e negras, para ajudar a construir um entendimento sobre as trajetórias educacionais no Brasil e os bloqueios impostos para o não acesso à educação. Para ele, o sistema de cotas é uma política ainda questionada, mas que resiste e amplia essa participação. “Buscamos com o filme trazer um pouco dos anseios, tensões, preocupações dessa turma. Sem dúvida, um projeto prazeroso e muito intenso”.
Dia 29/10, no Auditório 3 do módulo 4, a partir das 18h30min, UEFS.