menu
-Agenda Cultural
-Restaurantes
-Teatros
-Museus
-Comentários
-Fale conosco
-Política de Privacidade
-Utilidade Pública
-Links Feirense
-Artes Cênicas
-Artes Visuais
-Artesanato
-Bandas
-Literatura
-Músicos
ENTRETENIMENTO
-Cinema
-Arquivo de Eventos
-Festival Vozes da Terra
-Festival Gospel 2010
-Natal na Praça 2010
-Micareta 2011
-Últimos Eventos
-Radio Viva Feira
-TV Viva Feira
-Videos Viva Feira
COLUNISTAS
-Alberto Peixoto
-Emanoel Freitas
-Luís Pimentel
-Raymundo Luiz Lopes
-Sandro Penelú
 
 
 
A BALA, ESSA QUE FALA

(Uma crônica em versos)
Publicado em: 27/03/2018 - 01:03:05
Fonte: Luís Pimentel


     A bala, essa que estala, chega sempre de surpresa (mesmo quando encomendada e anunciada) no quarto, no corredor ou na sala. A bala em traje de gala não desarruma o cenário. A bala despida se aloja às escondidas, na contramão. No peito, na cabeça ou mesmo no coração. Não adianta implorar, correr, chorar.
     A bala não tem irmão.
     A bala pode ser indecente. Mas tem nome, é transparente. Pode ser vista no escuro. Quebra galhos, pula muro, não teme queda de braço. É assim, desde os tempos do cangaço. Conhece a linguagem em Libras, o gosto dos gestos, a leitura em braile. Desfolha a bandeira.
     E segue o baile.
     A bala não respeita calendário. Nem o aqui nem o agora. Chega assim, fora de hora, interrompendo o destino. Do homem, da mulher ou do menino, amigos, fãs, seguidores. Todos no circo de horrores que o aplauso não aplaca. A fala não cala, tá lá na placa: “A República da Bala”.
     E a ilustração no cartaz.
     A bala, essa cretina, malvada desde menina, nunca teve compaixão. Vem do céu, brota do chão, até das águas emerge. A bala e cinza? É preta? É bege? Qual o tamanho da dor?
     Não tem medida nem cor.
     A bala, essa que fala, já diz quem é e a que veio, sem rodeios, sem receio. Emprenha e pare na hora um feto cheirando a enxofre. Faz chorar um povo inteiro, depois se esconde nas trevas dos calabouços. Olha para trás, assopra o cano da cloaca de onde partiu e sorri para nós, esticando o pescoço.
     A bala saiu dos nossos bolsos.



Apoio Cultural:



Viva Feira
© 2024 - Todos os direitos reservados - www.vivafeira.com.br