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VOCAÇÃO E REALIDADE

10/2015
Publicado em: 06/03/2015 - 11:03:37
Fonte: Hugo Navarro / Folha do Norte


    Narra Lawrence de Besault, em biografia do general  Rafael Leônidas Trujillo, que certo dia perguntaram ao ditador, que governou a República Dominicana com desatada roubalheira, durante vinte anos, e deu o seu nome e o de parentes a quase todas as avenidas e equipamentos urbanos daquele pais, inclusive ao aeroporto, quando lhe havia passado pela cabeça a ideia de ser presidente, a que o energúmeno respondeu que desde que havia começado a pensar, quando menino.
    Fato semelhante teria ocorrido com o grande Nicolau Maquiavel, ainda criança, cujos pais viviam a porfiar sobre o seu futuro. O pai queria que se dedicasse à vida pública. A mãe, que entrasse para o serviço da religião. Inquirido, Maquiavel, em meio a uma regurgitação de leite, coçou o nariz e o rosto, esboçando sorriso indecifrável,  pelo que decidiram, os pais, que ele estava destinado à carreira política.
    É assim a vocação. Geralmente cedo se manifesta, embora no Brasil não se lhe dê a devida importância, pelo que não poucos enveredem, devido às dificuldades que enfrentam, pelo primeiro buraco que aparece na cerca, o que nem sempre resulta em bons frutos. Buraco na cerca é caminho de boi velhaco, dizem os sertanejos.
    Vocação, que no Inglês e no Alemão significa chamamento ou chamar e se originou dos vocábulos latinos “vocatio” e “vocare”, é a convocação que alguém recebe de determinado setor de atividade. Encontrando campo fértil para o seu desenvolvimento torna-se irresistível.
    As vocações, que movem indivíduos para certas tarefas e ofícios, deveriam ser importante setor da educação, em nosso país, onde a juventude às vezes se perde em busca do verdadeiro caminho.
    O tipo de vocação que mais deveria preocupar, entretanto, é a do mando, do poder, da autoridade. Quando unida à da política partidária sempre resulta em acontecimentos desastrosos. Chegando a extremos, pode estar vinculada a moléstias, como a encefalite, na infância, causadora de inúmeros casos de carisma maníaco de que nos dá conta a História, em fatos geralmente atribuídos a acendrado patriotismo, a sacrifícios em defesa do povo e da liberdade contra a opressão dos poderosos.
    Exemplo recente e gritante de carisma maníaco, de todos conhecido, é o de Adolf Hitler, que no dizer de Joachim Fest “era dotado, diga-se em benefício da verdade, de senso intuitivo extraordinário, quase feminino, que lhe permitia dar corpo às aspirações de sua época e explorá-las da melhor maneira possível”. Afirma, também, que Hitler “não se contentava em aplicar uma sequência lógica a tudo o que empreendia, mas, ao mesmo tempo, sempre exagerava em seus esforços. Havia nele um desejo infantil de realizar grandes feitos, que transformassem tudo, uma vontade de impô-los a qualquer preço, o que o levava a sonhar em termos superlativos”.
    É claro que entre tais indivíduos, que sempre provocam rebuliços grandes e pequenos, há graus, que vão desde Artur Bostock, que andava nas ruas desta cidade dando voz de prisão a todo mundo, gritando que era delegado de polícia, até ditadores que cometem terríveis crimes contra a humanidade, passando, entretanto, por aqueles que não avaliam as próprias forças e vivem a se meter em tudo e tudo querer resolver, invadindo responsabilidades e searas alheias, dando a impressão de que desejam açambarcar o mundo, sempre em nome do povo, mas incutindo receios até nos próprios correligionários, o que não está fora de propósito, lembrando o professor do soneto de Emílio e Menezes: “O (.....) não ensina só gramática. / É, pelo menos, o que o povo diz. / Mete-se na dinâmica, na estática, / E em muitas coisas mais mete o nariz”.
    São do grupo fechado de personalidades messiânicas sempre esquecidas de um fato: quem se mete a redentor pode acabar crucificado, principalmente se houver malandros por perto. E malandragem é o que não falta.
    É a dura realidade



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